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O Yoga, enquanto tradição ancestral com mais de cinco mil anos, permanece viva porque se adapta – adapta-se ao corpo, à mente, ao momento de vida de cada praticante. Esta sabedoria, que une corpo e espírito através de práticas psicofísicas como o asana, o pranayama, a meditação e o relaxamento, pode ser uma poderosa aliada numa das fases mais transformadoras da vida de uma mulher: o pós-parto.



Uma Fase de Grandes Mudanças

O nascimento de um filho não traz apenas uma nova vida ao mundo — traz uma nova mulher. E embora saibamos que o pós-parto é um período de intensas mudanças físicas, emocionais e espirituais, muitas dessas transformações surgem de forma inesperada, e podem ser profundamente desafiantes.


No ponto de vista do Yoga e da Ayurveda, este é um momento de grande vulnerabilidade e, por isso mesmo, um período sagrado que exige cuidado, escuta e suavidade.



O Corpo, a Respiração, a Alma

Fisicamente, o corpo muda: há um novo centro de gravidade, a postura adapta-se, podem surgir dores nas costas, nos ombros, e alterações como a diástase abdominal, o enfraquecimento do pavimento pélvico, e tensão acumulada no peito e pescoço. A nível emocional, muitas mães enfrentam os chamados baby blues, ansiedade ou mesmo depressão pós-parto.


É neste cenário que o Yoga oferece as suas ferramentas:

  • A respiração (pranayama) para acalmar o sistema nervoso e reconectar com o momento presente.

  • Movimentos suaves (asana adaptado) para ajudar o corpo a reencontrar estabilidade e espaço.

  • Relaxamento profundo e meditação para restaurar a energia vital e oferecer um momento de pausa no turbilhão.



A Mãe Também Nasce

Neste renascimento da mulher como mãe, é fundamental que ela seja acolhida, nutrida e respeitada na sua recuperação. O Yoga não exige força nem desempenho — propõe presença. Uma prática de Yoga Pós-Parto bem orientada e adaptada pode apoiar a mulher a curar-se por dentro e por fora, com suavidade e profundidade.



Um Cuidado Que Sustenta a Maternidade

Ao cuidar do corpo e da respiração, a mente silencia. O Yoga ajuda a estabilizar as emoções e a criar um espaço interno onde a mulher se sente mais centrada. Este equilíbrio energético e emocional pode tornar-se uma base sólida não apenas para os primeiros meses, mas para toda a caminhada da maternidade.


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Os ligamentos são bandas de tecido de suporte sem elasticidade que ajudam a manter as articulações juntas. Durante a gravidez as hormonas progesterona e relaxina ajudam a que estes ligamentos distendem, o que resulta num aumento do movimento de todas as articulações, sobretudo, da cintura pélvica. Este efeito pode persistir algum tempo depois do nascimento do bebé (entre 5 a 6 meses) e provocar dores nas articulações das costas e nas articulações sacroilíacas (1).


As dores nas costas após dar à luz são bastante comuns, e o afrouxamento dos ligamentos é um dos motivos. Por outro lado, durante a gravidez vários fatores contribuem para uma alteração da postura da mulher. O aumento do volume abdominal para acomodar o bebé, o aumento de peso, o aumento da mama, a lassidão dos ligamentos e, possivelmente, a forma como a grávida encara o bebé e a gravidez.


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Principalmente o aumento do volume abdominal faz com que o centro de gravidade da coluna se desloque, provocando o aumento da curvatura da zona lombar, chamada de hiperlordose. Por outro lado, sobretudo devido ao aumento mamário ocorre o aumento da cifose dorsal e como compensação uma curvatura lordótica da zona cervical com a anteriorizarão da cabeça (2). Logo após o nascimento do bebé, ocorre uma mudança ainda mais rápida no peso e novo ajuste na postura e a coluna ressente-se.


As alterações hormonais que promovem o relaxamento muscular, o aumento da barriga e redução do tónus muscular abdominal, levam a uma menor estabilidade da zona lombar, podendo ainda durante a gravidez, e depois do parto provocar lombalgias.



A hiperlordose pode causar os seguintes sintomas:(3)


·Dores nas costas frequentes;

·Dificuldade para abaixo;

·Dificuldade para carregar pesos;

·Formigamento nas extremidades;

·Dores no pescoço;

·Flacidez e sensação de fraqueza nos músculos do abdômen.


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Por outro lado, todos os desafios nos cuidados com o bebé podem representar uma nova exigência para a coluna da mãe. Amamentação em livre demanda e/ou alimentação com fórmula, carregar o bebé ao colo, colocar e retirar o bebé do berço, carregar a cadeira transportadora (ovo), o banho, entre outros. De acordo com a Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos, inicialmente as mães carregam ao colo um bebé com 3 a 4 kg cerca de 50 vezes por dia e ao fim de um ano já estão a transportar um bebé com mais de 8kg (4). Durante a amamentação e por ser um ato realizado várias vezes ao dia (a cada 1h30, 2h, dia e noite) pode levar a que a mulher adquira má postura e dores nas costas.


O aumento do volume da mama devido a lactação e a própria postura a amamentar o bebé pode levar ao fechamento do peito e contração dos músculos peitorais.


É importante a recuperação do tónus muscular abdominal para o reforço da zona lombar, reposicionamento correto, aliviando a hiperlordose e readquirindo um alinhamento vertebral mais natural. É igualmente importante ajudar a melhorar a postura, promover a expansão do peito e aumentar a consciência corporal da mulher no seu dia-a-dia, dando mobilidade a zonas com sobrecarga.


Boas práticas

Namastê


Atenção

Uma prática de Yoga não é uma terapia. A prática de Yoga não inviabiliza um seguimento médico e/ou terapêutico em nenhuma circunstância. Antes de iniciar qualquer atividade física confirme junto do seu médico ou obstetra.


(1) - Polden, Margie. Whiteford, Barbara (1993) Execícios pós-parto, Lisboa publicações Dom Quixote





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A dor lombar numa recém mamã pode ser bastante comum face a todas as alterações que a coluna vertebral sofreu ao longo da gestação, após o parto e nas exigentes rotinas nos cuidados com o bebé. A alteração patológica que pode ocorrer é a hiperlordose (curvatura acentuada da coluna na zona lombar). As consequências mais ligeiras são as lombalgias. Por outro lado, há o enfraquecimento da zona abdominal que por sua vez pode agravar a má postura e a dor lombar. Existe, por isso, um conjunto de asana ou posturas psicofísicas que são contraindicadas devido ao risco de agravar este tipo de situações. Mesmo que a mulher após o parto não sofra de uma hiperlordose (ou de uma diástase abdominal) terá, com certeza, um enfraquecimento dos músculos abdominais e dos músculos do pavimento pélvico (caso não tenha durante a gravidez havido o cuidado de reforçar este conjunto de músculos) e por isso estas mesmas posturas serão, também, contraindicadas para todas as mulheres em pós-parto. O retorno à realização deste tipo de asana deve de ser gradual e com o devido acompanhamento ao longo das práticas de Yoga pós-parto.

É importante destacar que o Yoga não é uma forma de terapia para situações patológicas como é o caso da hiperlordose lombar ou para o tratamento da diástase abdominal grave, no entanto, é uma prática que com as devidas adaptações e cuidados pode ser realizada por mães que sofram destas condições sem correr o risco de as agravar e até prover o sua natural recuperação. A mãe que padeça de hiperlordose, dor na zona lombar, diástase (sobretudo se superior a 3 cm), ou consequências do enfraquecimento do pavimento pélvico, como as perdas de urina involuntárias, deve de consultar um médico ou fisioterapeuta especializado para ser avaliada e devidamente acompanhada pelos profissionais competentes.

No caso de uma hiperlordose lombar é importante não incentivar esta postura da coluna de forma a não agravar a situação e as suas consequências. As retroflexões da coluna, nomeadamente, as retroflexões intensas e/ou assimétricas, mesmo com os devidos mecanismos de defesa, não devem de ser realizadas imediatamente após o início ou reinício das práticas de Yoga no pós-parto.


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Boas práticas

Namastê



Atenção

Uma prática de Yoga não é uma terapia. A prática de Yoga não inviabiliza um seguimento médico e/ou terapêutico em nenhuma circunstância. Antes de iniciar qualquer atividade física confirme junto do seu médico ou obstetra.

© 2023 por Vânia Carranca, Yoga Pós-Parto

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