A Respiração Esquecida: Quando o Ensino Supera a Prática
- Chandra
- 1 de abr.
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de mai.

É curioso como a vida nos leva por caminhos inesperados, desviando-nos por vezes daquilo que nos é mais essencial. Lembro-me de quando comecei a dar aulas de yoga, a respiração era o pilar central de cada sessão. Eu mesma guiava os alunos em cada pranayama, e participava ativamente do exercício, permitindo-me explorar meu próprio ritmo interior. Essa prática não só os preparava para a conexão corporal do asana que viria em seguida, mas também me permitia aprofundar minha própria conexão com o momento presente, criando uma ponte entre a respiração e o movimento. Com o tempo, essa prática esvaiu-se, talvez sufocada pela responsabilidade de garantir a segurança e o bem-estar de todos, um instinto maternal que se estende para além do meu papel de mãe.
A semana passada, algo mudou. Após a serenidade do asana, guiei as alunas num exercício de respiração e com elas deixei-me guiar também. E nesse momento, redescobri a magia do pranayama. A sensação de inspirar e expirar conscientemente, após o movimento do corpo, era como reencontrar um velho amigo. Na minha própria prática, a respiração tornou-se uma nota de rodapé, negligenciada na pressa do dia a dia. Que ironia, ensinar algo que não pratico!
A respiração é a nossa âncora, um presente que nos conecta ao presente. "Se não levarem mais nada das minhas aulas, levem a respiração", digo sempre. Inspirar e expirar lentamente, com a expiração a prolongar-se, é uma ferramenta poderosa para acalmar a mente e o corpo. Mas, em algum lugar no meu percurso, perdi-me.
Redescobrir a respiração foi como regressar a casa. A calma, a paz, as pausas entre cada inspiração e expiração, tudo o que me atraiu para o yoga, estava ali, à espera. É fácil desviarmo-nos do nosso propósito quando transformamos a paixão em profissão. A preocupação com o negócio, a responsabilidade de guiar outros e os manter em segurança, pode obscurecer a essência do que nos moveu inicialmente.
O meu desejo é que cada pessoa que guio nas minhas aulas possa experimentar a mesma calma e tranquilidade que redescobri. Que encontrem no yoga um caminho para o autoconhecimento, um espaço onde a respiração os reconecta à sua essência.
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