A meditação pode ser prejudicial?
- Chandra
- 1 de fev. de 2018
- 2 min de leitura
Sentamos de pernas cruzadas, colocamos as mão num mudra e silenciamos a mente, concentrando no momento presente. O tempo vai mover-se mais devagar e a nossa noção de Eu altera-se.

Agora imaginemos estes efeitos prolongados no tempo, por horas ou até dias. Nos retiros a prática de meditação prolongada pode levar à libertação de emoções com as quais podemos não conseguir lidar, abalando profundamente a própria noção de identidade. Algo que tenhamos reprimido, perante uma meditação intensa, pode revelar-se e trazer consequências negativas para a nossa saúde mental. Parece assustador, não é?
De forma a retirar importância a este tipo de ocorrências, existe quem defenda que estes episódios ocorrem a pessoas com antecedentes ou predisposição para a doença mental sendo seguro a prática por pessoas saudáveis.
Em 1992 David Shapiro, Professor de Psiquiatria e Comportamento Humano da Universidade da Califórnia em Ervine, conduziu um estudo num retiro de meditação. 27 pessoas com vários níveis de experiência foram analisadas, e 67% afirmaram ter pelo menos um efeito negativo enquanto que 7% confirmam efeitos profundamente adversos. Os sintomas que os praticantes referiram vão desde desorientação e confusão, aumento dos pensamentos negativos, dor, ansiedade e depressão.
Existem escassos relatos científicos de pessoas que sofreram de Transtorno de Transe Dissociativo, onde os indivíduos mantêm a consciência mas sofrem de despersonalização, perdendo a total noção de identidade.
Poderemos considerar este tipo de relatos como sendo parte da experiência Espiritual? Desde o século XIX, Psicólogos e Psiquiatras tendem a considerar experiências espirituais como transtornos mentais, existindo mesmo uma categoria onde se inserem este tipo de episódios. Contudo existem algumas controvérsias em relação a esta categorização.
Num artigo de revisão realizado em 2011 pelo pesquisador de Espiritualidade e Saúde, Alexander Almeida, da Faculdade de Medicina do Brasil e pelo Professor de Psicologia, Tzer Cardena da universidade de Lund na Suécia, referem uma experiência de comparação de dois grupos de pessoas com histórico de transtornos psicóticos. Um dos grupos era clínico, procurou ajuda médica sendo que o outro grupo, não clínico, não o fez. Este grupo não clínico (onde a maioria das pessoas pertenciam a associações espiritualistas) relata as experiências relacionadas com a psicose como normais e positivas dando uma diferente interpretação e resposta as mesmas em comparação com o grupo clínico que as entendia como experiências negativas.
A verdade é que para além do estudo estudo de Shapiro sobre sobre efeitos adversos da meditação os mesmos não são muito comuns, existindo em muito maior número o estudo dos benefícios. E as conclusão são inegáveis existem, efectivamente, benefícios para a saúde nesta prática milenar.
Agora, sem dúvida, que uma prática moderada de meditação conduzida por profissionais qualificados, pode ajudar a relaxar e muitas vezes é aí que reside a nossa dificuldade, encontrar formas de relaxar num mundo de acelerado desenvolvimento.
Namastê!
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